Descansando em Nosso Ninho
No início de um retiro de meditação, tudo é novo. O ambiente, as pessoas e as rotinas conhecidas ficam para trás e saímos do aconchego do nosso espaço pessoal. Podemos nos sentir como um passarinho fora do ninho. Não tem problema. Podemos, neste retiro, aprender a fazer um ninho para descansar em nós mesmos.
O ninho é um espaço vital formado por diversos raminhos de consciência. Cada momento de pausa silenciosa representa um raminho. Construir nosso ninho com perfeição requer tempo, paciência e persistência. Um raminho por voo, sem pressa, e o passarinho faz tudo com harmonia, atento aos mínimos detalhes. Nosso sentar, andar e comer, quando permeados pela pausa consciente, cada atitude dessa é como se um raminho.
Construir um ninho é uma obra de arte. Precisamos estar atentos durante o dia para ir coletando as vivências diárias. Exige constância e repetição para o ninho ficar forte e resistente. Essa construção também será uma obra de arte. Estar consciente de cada detalhe é importante. A pedra fundamental de um bom ninho é essa persistência.
O acúmulo de vários momentos de silêncio e autocuidado deixa o ninho mais firme. Essa estabilidade mantém nosso estado de presença durante os afazeres da vida. As tempestades assopram, mas as atividades e rotinas não nos arrastam do nosso foco. Sabemos onde estamos, sabemos o que estamos fazendo. O ninho é nosso centro vital. Ele está disponível em todos os momentos e em todos os lugares.
A montagem do ninho requer a perspectiva do pássaro. Em seus vôos, lá do alto, o passarinho tem distanciamento e amplitude para ver as coisas com desapego. O “eu” do pássaro não interfere na vida na floresta, onde tudo tem e está no seu devido lugar. Sempre estamos no lugar em que estamos. É só reconhecer que não existe outro lugar. Isso é estar em seu ninho de consciência, assumindo responsabilidade por seu espaço vital.
Uma vez que o ninho esteja pronto, podemos descansar no meio de todo esse fazer. Agora, o fazer não implica mais fazer e, sim, SER. Não há problema em fazer quando estamos plenamente presentes na atividade, na pureza do contentamento de estar com o que está se manifestando, sem obstruções, sem ansiedades, deixando acontecer. Venha, chegue, observe o espaço ao seu redor, conecte-se com seus sentimentos e leve mais um raminho de paz e cuidado para seu espaço vital.